Um problema com os pneus de uma aeronave após aterrizar no Floripa Airport na madrugada de 12 de agosto, acarretando o fechamento da pista de pouso e decolagem, provocou o cancelamento de dezenas de voos e impactou cerca de 15 mil usuários. Embora fosse uma situação complexa e inesperada, a sequência de falhas na comunicação e no atendimento aos consumidores atingidos foi considerada inadmissível pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e pelos Procons estadual e municipal de Florianópolis. Por conta disso, representantes do Floripa Airport e das companhias aéreas Gol, Latam e Azul foram convidados para discutir mudanças no atendimento em uma reunião nesta terça-feira (27/8), na 29ª Promotoria de Justiça da Capital.
O Promotor de Justiça Wilson Paulo Mendonça Neto, titular da 29ª PJ de Florianópolis, com atuação na área do consumidor, questionou a qualidade e capacidade dos planos de contingenciamento do aeroporto e das companhias aéreas para esse tipo de ocorrência, pois, segundo ele, a flagrante falta de preparo gerou um verdadeiro caos para milhares de pessoas que tiveram seus voos cancelados. Mendonça Neto destaca principalmente a falta de comunicação direta e eficiente entre empresas e clientes, o que poderia ter evitado o deslocamento dos passageiros até o terminal e, consequentemente, uma série de transtornos devido à falta de estrutura.
“O intuito dessa reunião é de buscarmos melhorias no atendimento aos consumidores de modo a evitarmos a judicialização dessas questões, o que não será positivo para nenhum dos envolvidos. Entretanto, medidas para o aprimoramento dos serviços se fazem urgentes, a começar pela falta de comunicação aos usuários sobre eventuais contratempos e o efetivo atendimento dentro das dependências do aeroporto e da parte das companhias aéreas. O que se viu no dia 12 de agosto foi um total descaso com milhares de pessoas, incluindo idosos e crianças, que amargaram horas de espera sem informação e sem o mínimo de estrutura de acolhimento”, lamentou.
A diretora do Procon estadual, Delegada Michele Alves, e o diretor do Procon de Florianópolis, Alexandre Farias Luz, reforçaram a necessidade de aprimoramento na comunicação e no trato com os consumidores dentro do Floripa Airport, visto que até os órgãos de fiscalização foram alvos de informações equivocadas. Os dirigentes dos Procons destacam situações preocupantes, como a falta de efetivo capacitado para lidar com a situação adversa, gerando filas enormes e causando irritação generalizada pela ausência de diálogo. A falta de suporte para alimentação e acomodação também tiveram destaque. Segundo relatos, passageiros foram encaminhados durante a madrugada para um hotel em Palhoça, que estava lotado, tendo que retornar pela manhã.
O Floripa Airport e as companhias aéreas presentes se colocaram à disposição para discutir medidas que possam garantir o pleno contingenciamento de situações futuras semelhantes. Ficou definido que uma nova reunião entre as partes envolvidas será realizada no dia 31 de outubro para a apresentação de ações voltadas ao melhoramento dos serviços.