DE VOLTA ÀS SOMBRAS
A semana passada destacamos a polêmica em torno da nomeação de Filipe Mello para a Secretaria de Estado da Casa Civil, pelo próprio pai, o Governador Jorginho Mello.
A polêmica nomeação havia sido suspensa por uma liminar do Poder Judiciário e aguardava seu desfecho com a cassação da liminar.
Na terça-feira (09) a liminar foi cassada e finalmente a nomeação poderia acontecer, mas não aconteceu, já que o próprio Filipe Mello acabou por desistir da nomeação.
Um dos argumentos para desistência é que Filipe Mello está consolidado profissionalmente e não precisa do emprego. Outro que a nomeação geraria polêmicas infrutíferas, na boca de opositores.
O ponto é que toda a polêmica em torno da nomeação do filho do Governador evidenciou um gigantesco erro de estratégia do Governo JM.
Seria uma enorme ingenuidade acreditar por algum momento que o filho do Governador precisaria do emprego. Ele não precisa. Da mesma forma, que a imensa maioria daqueles que compõem o Secretariado do Governo, não precisam do emprego. Afinal, o cargo de Secretário de Estado, não costuma ser um local para “cabide de emprego”, na prática serve mais como uma “vitrine” para projetos futuros.
Então, o emprego nunca foi o objetivo da nomeação e esse é o grande problema.
A nomeação buscava organizar e “oficializar” um processo que já acontecia – a proposta era tirar das sombras e trazer para a luz – o papel do filho nas articulações do Governo JM.
Sem o cargo, o filho do Governador volta a atuar nas sombras, o que prejudica a credibilidade daquele que for indicado ao cargo de Secretário da Casa Civil, afinal, os problemas enfrentados pelo ex-chefe da Casa Civil Estêner Sorrato, serão repassados ao novo Secretário, que deve receber também mesma a caneta sem tinta.
UMA BOA SAÍDA
Acreditar que a decisão pela nomeação aconteceu sem uma longa análise de ambos, Pai e Filho, também seria ingenuidade. Talvez o que os tenha surpreendido foi a decisão do Poder Judiciário favorável ao Mandado de Segurança impetrado pelo Psol e que suspendeu a nomeação.
O mesmo Poder Judiciário que atrapalhou, também ajudou, afinal a decisão do TJSC que derrubou a liminar abriu o caminho para o Governo corrigir em parte o erro que cometeu e tentar emplacar a narrativa da “desistência voluntária” por “não precisar do emprego”, buscando reduzir o desgaste que vinha sofrendo a imagem de Jorginho Mello.
O ponto é que sem a derrubada da liminar e mantida a suspensão da nomeação pelo TJSC, o Governo teria de amargar uma derrota para a esquerda – representada pelo Psol – o que seria ainda pior, já que a situação poderia se estender por ainda mais tempo.
Recuar da nomeação antes de uma definição do TJSC, seria legitimar os argumentos da oposição e aceitar a derrota.
Manter a nomeação, depois da enorme repercussão do caso, seria deixar o Governo “sangrando”.
Sendo assim, a desistência voluntária foi acertada, já que, apesar de deixar cicatrizes, encerra o assunto.
POLÍTICA UTERINA
Talvez um dos erros da família Mello tenha sido desconsiderar os ensinamentos de um dos maiores políticos da história do Brasil, o Deputado Ulisses Guimarães. O deputado definia essa prática de envolver política e parentes de: “Política Uterina” e ensinava que “O bom político costuma ser um mau parente”.
TROCA DE FIGURINHAS
A indicação de Flávio Dino para Ministro do STF, abriu espaço para um novo Ministro da Justiça e Segurança Pública e no cargo ficará com o ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que deixou a Suprema Corte em abril de 2023.
Indicado por Lula ao STF em 2006, Lewandowski nos ensina o quanto é importante conservar amizades com as pessoas certas, oito meses após sua “aposentadoria” , agora é novamente nomeado por Lula para um cargo de Ministro.
Parece que a relação entre o Executivo e Judiciário é mesmo de troca de figurinhas, enquanto isso o Legislativo perde espaço no Governo, o que pode agravar a crise entre as instituições.