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A visita de Bolsonaro na embaixada da Hungria, o avanço do PL na janela partidária, Caso Marielle Franco e a ponte que não quer cair

Análise política da semana por Jackson Dirceu Laurindo

by da Redação

DEU NO “NEW YORK TIMES”

A semana do ex-Presidente foi embalada pelo ritmo W/Brasil de Jorge Ben Jor, naquele trecho que diz: “Deu no New York Times…”.

Uma reportagem do jornal americano “The New York Times” divulgou imagens de Bolsonaro entrando na embaixada da Hungria em Brasília-DF, quatro dias após operação da PF que apreendeu seu passaporte e prendeu aliados. Segundo a reportagem o ex-Presidente entrou na embaixada no dia 12 de fevereiro e saiu em 14 de fevereiro, ficando recluso por dois dias em pleno carnaval.

Opositores alegam que o ex-Presidente decidiu hospedar-se na embaixada, buscando evitar uma possível prisão, considerando que no mesmo dia, horas antes, Jair Bolsonaro havia divulgado vídeo convocando seus apoiadores para o ato na Av. Paulista.

Para os opositores, após a convocação feita pelo ex-presidente, ele teria tido receio de uma reação do Ministro do STF, Alexandre de Moraes, pedindo sua prisão. Por essa razão ele buscou abrigo na embaixada da Hungria, onde por convenções internacionais estaria protegido do alcance da justiça brasileira.

Em sua defesa, o ex-Presidente alega que esteve na embaixada discutido assuntos de interesse do Brasil e da Hungria e que sua presença não teve nada de ilegal.

O ponto é que os argumentos de defesa do ex-presidente são bastante vulneráveis. Apesar de não ter nenhum impedimento legal que o proíba de frequentar embaixadas, sejamos sinceros que é estranho passar dois dias hospedado em um local que fica a poucos quilômetros de sua residência em Brasília-DF, em pleno carnaval, para discutir assuntos de interesse dos dois países, sendo que ele já não ocupa o cargo de Presidente da República. As justificativas são bastante questionáveis até para o mais apaixonado dos “bolsonaristas”. O próprio ex-Presidente, se ouvisse uma justificativa semelhante, teria dificuldades em acreditar.

Opositores pediram a prisão preventiva do ex-Presidente alegando tentativa de fuga, mas o fato é que não há qualquer impedimento de ir a qualquer lugar dentro do território brasileiro.

O Ministro Alexandre de Moraes apesar de pedir explicações sobre a visita à embaixada, sinaliza que não considera um pedido de prisão preventiva.

Para aliados do Governo Lula, prender Bolsonaro nesse momento das investigações e por algo tão frágil quanto a hospedagem na embaixada da Hungria, apenas reforçaria a narrativa de perseguição política e poderia impulsionar as candidaturas do PL nas eleições de outubro.

Considerando o contexto político eleitoral, a prisão do ex-Presidente pode deixar felizes tanto o PT quanto o próprio PL.

QUEM NÃO LIDERA, SERÁ LIDERADO

Prestes a iniciarmos a primeira semana de abril e a última semana da janela partidária, as movimentações no tabuleiro político da região  e do estado, prometem se intensificar. Ao final da próxima semana, sabermos o saldo de perdas e ganhos partidários nessa dança das cadeiras.

O que vimos até aqui são partidos tradicionais como MDB, PP e PSDB, buscando abrigo debaixo das asas do PL e esboçando sorrisos amarelos enquanto o PL carrega para suas fileiras, aqueles que eram seus correligionários.

A tendência de partidos como MDB, PP e PSDB parece ser de encolhimento da sua presença no pleito de 2024. E passada as eleições municipais será preciso que os partidos estabeleçam ações de recuperação de lideranças para as eleições de 2026, sob o risco tornarem-se partidos nanicos a nível nacional, abafados e sufocados pelas asas do PL.

O único partido em SC que resiste em curvar-se diante do PL é o PSD. Seus líderes, ao que tudo indica, entenderam os riscos de curvarem-se e deixarem expostos seus pescoços diante de adversários.

Quando o assunto é liderança, uma coisa é certa, quem não lidera, será liderado.

CASO MARIELLE FRANCO

A semana começou com uma operação para prender os mandantes do assassinato da ex-Vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes em março de 2018 no Rio de Janeiro.

Passados 6 anos do assassinato, o desfecho desse crime evidenciou alguns pontos.

O primeiro é que o RJ é um estado “falido” quando o assunto é política e segurança pública. O envolvimento de membros do alto escalão da Polícia Civil do Estado, do Tribunal de Contas e de um Deputado Federal como mandantes e mentores do plano de assassinato, colocam uma “pá de cal” sobre qualquer confiança na estrutura do estado.

O segundo ponto é que a imprensa brasileira e opositores, durante 6 anos colocaram sob suspeita o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus familiares, como ligados aos assassinatos da Vereadora e de seu motorista. Agora, no fim das investigações, nada foi relacionado à família Bolsonaro e nenhuma espécie de esclarecimento tratou do assunto na imprensa.

A oposição ainda insiste em tentar relacionar algum tipo de ligação entre o ex-presidente e o assassinato de Marielle, como se estivessem vivendo um processo de “negação” em aceitar que, nesse caso, Bolsonaro é inocente.

Durante a campanha eleitoral de 2022, o caso Marielle Franco, esteve na pauta de campanha do então candidato Lula, porém agora com a conclusão das investigações apontando para uma direção diferente daquela que esperava, o silêncio tem sido a escolha do Presidente.

A PONTE QUE NÃO QUER CAIR

O Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Belo, Magno Munõz em seu discurso na tribuna da  Casa Legislativa, voltou a abordar a ponte sobre o Rio Perequê, que liga os municípios de Itapema e Porto Belo.

O Vereador mencionou as dificuldades para o desmonte da estrutura da ponte, que durante semanas vem sendo feito com o uso de maquinário pesado, confirmando aquilo que defendeu o vereador na época, a ponte não  estava prestes a cair e não precisava ser interditada.

O ponto é que na época da interdição muito se questionou a forma como a decisão foi tomada e a precariedade dos laudos apresentados pelas autoridades tentando justificar as ações descabidas e precipitadas que estavam adotando.

É uma vergonha que ninguém que cometeu os erros seja responsabilizado. Afinal, houveram prejuízos aos comerciantes e moradores próximos durante meses, recursos públicos foram direcionados para instalação de pontes, que ficaram sem uso durante algum tempo, e que sem a interdição equivocada não seriam contratadas de modo emergencial.

O fato é que um erro desses cometido pela iniciativa privada, certamente resultaria em inúmeras denúncias e ações judiciais em tramitação e os responsáveis já teriam sido demitidos. Mas no setor público, os responsáveis ficam apenas com aquela “cara de paisagem”.

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