Análise da semana por Jackson Laurindo
A IDEOLOGIA DA CORRUPÇÃO
Na manhã de quarta-feira (19), uma operação coordenada pelo Ministério Público Estadual de Santa Catarina resultou na execução de 11 mandados de prisão preventiva, cinco de suspensão do exercício de funções públicas e 63 de busca e apreensão em 23 cidades de Santa Catarina, uma cidade do Rio Grande do Sul e em Brasília.
Quatro prefeitos foram presos durante a operação: Clori Peroza (PT) de Ipuaçu, Fernando de Fáveri (MDB) de Cocal do Sul, Marcelo Baldissera (PL) de Ipira e Mário Afonso Woitexem (PSDB) de Pinhalzinho.
Na operação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e pelo Grupo Especial Anticorrupção (GEAC), foram investigadas um total de 22 prefeituras. Além dos quatro prefeitos já mencionados anteriormente, foram alvos de mandados de busca e apreensão o ex-prefeito de Ipira, Emerson Ari Reichert, e o ex-deputado federal Edinho Bez.
A operação teve como objetivo desmantelar uma possível organização criminosa liderada por um grupo empresarial. As investigações revelaram que esse grupo estava envolvido em fraudes de licitações e desvio de verbas públicas, em colaboração com autoridades locais. Eles utilizavam serviços de consultoria e assessoramento fictícios para firmar contratos com prefeituras, sem comprovação efetiva de atividades prestadas. Esses contratos fraudulentos visavam proporcionar ganhos ilícitos a servidores públicos, agentes políticos e particulares por meio de vantagens indevidas.
O ponto é que o combate à corrupção em SC tem sido intenso, 27 gestores públicos já foram presos nos últimos 4 anos e ao que tudo indica, as investigações de combate a corrupção não devem parar.
Porém quando o assunto é política, investigações e denúncias de corrupção, não significam condenações ou punições. No Judiciário muitos podem até ser condenados, mas nas urnas o resultado pode não ser o mesmo. São inúmeros os políticos brasileiros, que mesmo envolvidos em casos de corrupção, permanecem ativos no mundo da política, graças aos eleitores que se negam a enxergar e acreditar no óbvio.
Os casos de corrupção em SC, comprovam que a corrupção tem relação direta com o caráter dos envolvidos e não com ideologia política e partidária, afinal, em um estado predominantemente de direita, a corrupção parece ser uma prática constante. A verdade é que alguns políticos são ideologicamente inclinados à “corrupção”, mais do a direita ou à esquerda.
FARRA DO FUNDÃO
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou no dia 17/06 os valores que cada partido receberá do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), totalizando mais de R$ 4,9 bilhões. O Partido Liberal (PL) será o mais beneficiado, com mais de R$ 886 milhões (17,87% do total). O Partido dos Trabalhadores (PT) receberá R$ 619 milhões (12,49%), seguido pelo União Brasil com R$ 536 milhões (10,81%).
São bilhões de reais que poderiam ser direcionados a outras prioridades do país. Acredito que o financiamento público de campanha possibilita uma maior igualdade competitiva nas candidaturas, mas é inegável que os valores exorbitantes. Para se ter um exemplo, nas eleições de 2020, o mesmo fundo eleitoral foi de pouco mais de R$ 2,03 bilhões, para 2024 serão R$ 4,9 bilhões, ou seja, um acréscimo de 240% em 4 anos, qual a inflação oficial para os 4 anos ficou em torno de 27,26%, quase nove vezes mais que a inflação. No mesmo período, o salário mínimo teve um aumento de 31,32%. Fica claro que no Brasil, a matemática é mais favorável para alguns do que para outros.