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Uma noite para recontar as histórias do mar

Legislativo de PB concede, nesta quinta-feira (4), a honraria Pescador Portobelense 2024

by da Redação

O que não falta na vida de pescador é história para contar. Engana-se, porém, quem acha que história de pescador é fantasia: não tem homem do mar que não tenha passado por dramas concretos ou pelo inusitado em seus anos de profissão. Viver de pesca é, antes de mais nada, sujeitar-se aos caprichos da natureza. São essas personagens, suas trajetórias e legado, que a Câmara de Vereadores celebra nesta quinta-feira (4), a partir das 19 horas, em sessão solene na sede do Legislativo.
A homenagem decorre da Lei Municipal 2.898, de 23 de junho de 2020, promulgada a partir de projeto de lei aprovado pela Câmara e instituída com objetivo de “reconhecer personalidades que, no passado ou no presente, colaboraram ou colaboram com a pesca artesanal ou industrial na cidade de Porto Belo”. A honraria foi concedida pela primeira vez em 2022. Esta, portanto, será a terceira edição do mérito, e reunirá gente que tem “sal nas veias”, como definiu Jair Mateus, 51 anos, pescador de camarão morador do bairro Vila Nova, um dos homenageados da noite.
Jair começou na profissão aos quinze anos. Segundo ele, não havia opção: era isso ou a construção civil. “Eu optei pela pesca”. Os estudos, ele abandonou após a quinta série. Tirou os documentos e foi procurar vaga. A que apareceu era na cozinha do camaroeiro de José Fonseca. Jair não sabia cozinhar, mesmo assim foi contratado. Aprendeu na prática a função, que ele considera a mais ingrata da profissão: “Porque não agrada todo mundo”.
Jair, que atualmente tem seu próprio pesqueiro (“na verdade, o barquinho é da minha mulher”, corrige), é de uma geração que começou na pesca no próprio município. Décadas antes, a porta de entrada era o porto de Santos, no litoral paulista. Foi para lá que rumou Euclides Francisco da Silva, hoje com 60 anos, na época com quase dezoito. Não foi, contudo, seu início na pesca, já que, com apenas nove, participava de arrastos de praia no município. Como profissional, embarcou em traineiras, parelhas, barcos de camarão-rosa… “Do Chuí ao Arraial do Cabo, eu pesquei por tudo”.
E poderia muito bem estar em algum convés ainda hoje, não fosse um acidente aparentemente banal, mas de consequências trágicas: uma espinha de peixe, suprema ironia, espetou-lhe o pé enquanto tirava o mato na frente de casa. Contraiu tétano, ficou 24 dias em coma, sofreu fraturas ósseas (“aí foi um perrengue, cara”, os olhos marejam ao lembrar). Aposentado, entralha redes para complementar o orçamento e suspira de saudades do mar.
Saudade, sacrifício, penúria e fartura. O mar conjuga tudo isso, e mais. Está na constituição mais elementar da população tradicional do município, presente desde as primeiras investidas colonizadoras da região, ainda no período da Coroa Portuguesa. E segue presente ainda hoje, nos barracões que do Perequê espreitam as tainhas no início do inverno, nos camaroeiros que atracam no Píer Municipal, nos estaleiros de Santa Luzia e na pujança da frota industrial do Araçá. Toda essa herança será, mais uma vez, celebrada no Paço Legislativo Vereador Amadeu Serafim Raulino.
SERVIÇO:
Sessão solene de entrega da honraria Pescador Portobelense 2024
Quando: quinta-feira (4), a partir das 19 horas
Onde: Câmara Municipal de Porto Belo
Transmissão ao vivo pelo Facebook e Youtube da Câmara Municipal

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