Foi a pequena Iris, de 10 anos, que pediu à mãe para participar do mutirão de limpeza na praia dos Molhes. As duas, junto com outros voluntários, enfrentaram o calor por uma boa causa: retirar os resíduos, principalmente os microlixos, que afetam o ecossistema e os oceanos. A ação faz parte do projeto Verão Praia Limpa da ONG Eco Local Brasil, de Barra Velha, que percorre o litoral norte catarinense e as praias do Paraná para recolher o material que agride o meio ambiente. O Instituto Itajaí Sustentável (Inis) apoia a iniciativa e participou, focando o incentivo à conscientização ambiental.
Com a ajuda de Iris e sua mãe, a funcionária pública Larissa Santos Neves, além dos outros voluntários, técnicos do Inis e da ONG Eco Local Brasil, em questão de duas horas, foram retirados da restinga e da areia da praia resíduos suficientes para encher 23 sacos.
“Nós temos que começar a conscientizar as crianças, porque para os adultos é muito difícil a gente conseguir educar. Temos que começar pelos pequenos. Já vamos explicando o quanto é importante cuidar do meio ambiente. Assim, acredito que uma hora conseguimos alcançar mais pessoas por essa causa”, enfatizou a funcionária pública.
Uma das maiores preocupações dos técnicos ambientais que participaram da ação foram os resíduos menores, como bitucas de cigarro, tampas de refrigerante, canudos e microplásticos, que contaminam o ecossistema local, afetando a fauna, a flora e a vida marinha.
Integrante da Associação de Surf das Praias de Itajaí (ASPI) e fundadora do grupo de mulheres surfistas Sereias da Atalaia, Ana Carolina Oliveira ressalta que esse tipo de ação é fundamental, principalmente no verão, devido ao grande número de frequentadores das praias, que na maioria das vezes não recolhem os resíduos que produzem.
“Nós viemos aqui contribuir, fazendo a nossa parte para limpar a praia. Há muito lixo, principalmente os pequenos resíduos e plásticos na beira do mar. E o pior de tudo: com o vento, esse material acaba indo para a restinga, e os animais que vivem nesse bioma podem comer esse plástico”, ressalta a surfista.
Para o coordenador da ONG Eco Local Brasil, a conscientização ambiental tem que vir antes da operação de limpeza.
“Se todas as pessoas que frequentam as praias tivessem essa conscientização ambiental, teríamos esse problema resolvido. Temos a parceria com o INIS porque, agora no verão, há muitos turistas, e a atividade de conscientização é interessante de fazer nessa época. Durante o inverno, quando não há muitos frequentadores nas praias, focamos na ação de retirada de resíduos marinhos no Saco da Fazenda, onde retiramos toneladas desse material das margens do rio Itajaí-Açu.”
Além de livrar o meio ambiente dos materiais poluentes, a ONG transforma os resíduos em brinquedos, baldes plásticos e lixeiras. Para estimular as crianças na ação, cada copo cheio de pequenos lixos era trocado por um carrinho ou um baldinho de praia, feitos com os materiais recolhidos em locais como a praia dos Molhes.
Para o Inis, essas parcerias são importantes para sensibilizar cada vez mais pessoas sobre a correta forma de armazenamento e destinação dos resíduos.
“A intenção é juntar forças com todos — sociedade civil organizada, empresas, ONGs — para que possamos trabalhar essa conscientização. Essa ação é exatamente para mostrar os tipos de resíduos que chegam. Esse material não nasceu aqui, e somos responsáveis por ele estar no local. É importante as pessoas terem consciência dos impactos que isso pode causar tanto na fauna, na flora e até para nós mesmos. Então, essas ações de educação e sensibilização são extremamente importantes”, reforça Marcel Di Ruzza Ferrari, analista ambiental do Inis.