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A ‘persona non grata’ de Lula; o presente dos bolsonaristas a Arthur Lira e o “apito de cachorro” da defesa de Bolsonaro

Lula faz declaração antissemita e torna-se “persona non grata” por Israel; O pedido de impeachment contra Lula é o maior presente que Arthur Lira (PP) poderia receber em ano de eleições municipais e a estratégia da defesa de Bolsonaro para “calar” militares em seus depoimentos

by da Redação

‘PERSONA NON GRATA’

A confusão diplomática entre Brasil e Israel causada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva devido sua fala de caráter antissemita durante viagem a Etiópia, pode colocar de vez o Brasil, em alinhamento com o chamado “eixo das ditaduras”.

Em sua passagem pelo Egito, o Presidente Lula havia feito críticas à atuação de Israel na guerra contra o grupo terrorista Hamas, definindo-a como desproporcional aos ataques sofridos pelo Hamas.

Na Etiópia, Lula foi além e comparou as ações de Israel contra o Hamas, ao Holocausto sofrido pelo povo Judeu na Segunda Guerra Mundial.

As declarações do Presidente Lula, inevitavelmente e lamentavelmente, ultrapassaram os limites do aceitável. A comparação entre o Holocausto e a guerra contra o Hamas, é essa sim desproporcional.

O Holocausto vitimou mais de 6 milhões de judeus, entre homens, mulheres, crianças e idosos, simplesmente pelo fato de pertencerem a um determinado grupo étnico. Sem que houvesse sido motivado por qualquer tipo de ataque. Que eram mortos de modo sistemático em câmaras de gás ou em pelotões de fuzilamento, tendo seus corpos enterrados em valas coletivas ou queimados em fornos, construídos unicamente para esse fim.

A guerra de Israel contra Hamas, sem dúvidas, também faz inúmeras vítimas inocentes, como todas as guerras, que são a manifestação do que há de pior na humanidade. Mas até aqui, não há nenhuma comprovação de que Israel tenha como alvo vitimar inocentes intencionalmente.

Como consequência imediata da fala do Presidente Lula, o embaixador brasileiro em Israel foi convocado pelo Governo Israelense, onde foi informado de que Lula passou a ser considerado “persona non grata” pelo estado de Israel. Em resposta, o Itamaraty (órgão da diplomacia brasileira) convocou o embaixador de Israel no Brasil e determinou o retorno ao Brasil do embaixador brasileiro em Israel.

Agora resta-nos aguardar se haverá novas escaladas na crise diplomática, o que poderá afetar aspectos econômicos entre os dois países.

O comportamento de Lula coloca o Brasil, na perspectiva da política externa, em alinhamento com o chamado eixo das ditaduras, que envolve China, Rússia, Irã, Coreia do Norte e Venezuela, afastando-nos dos países democráticos.

As declarações de Lula mostram seu despreparo para lidar com certos assuntos. Alimentado por seu egocentrismo, Lula acredita ser maior do que realmente é, quando se trata de relevância internacional. No início do conflito entre Israel e Hamas, Lula tentou assumir o papel de intermediador do conflito, mas nada melhor que o tempo para mostrar sua pequenez internacional.

No ambiente político interno, Lula importa o conflito do Oriente Médio para o Brasil e acentua a polarização política. Se no Oriente Médio o conflito entre Judeus e Palestinos parece não ter fim, aqui, se depender de suas lideranças, o conflito entre “Esquerda” e “Direita” deve seguir o mesmo caminho.

O PRESENTE DOS BOLSONARISTAS A ARTHUR LIRA

O pedido de abertura de processo de impeachment contra o Presidente Lula, devido a sua declarações antissemitas, que deve ser protocolado na próxima semana e já conta com mais de 140 assinaturas de Deputados Federais, promete ser um belo presente dos bolsonaristas para o Presidente da Câmara Arthur Lira (PP).

Na prática e processo deve permanecer na “gaveta” de Lira, que saberá usar com “maestria” o poder discricionário que lhe é investido de decidir pela continuidade ou não do processo. Em ano de eleições municipais o processo na gaveta de Lira, abrirá muitas outras “gavetas” de emendas e verbas públicas para seus apoiadores em sua base eleitoral em Alagoas.

Basta lembrarmos dos milhões em emendas que foram direcionados por Lira à Prefeitura de Maceió-AL e que serviram para patrocinar uma escola de samba no RJ, que homenageou Maceió na Sapucaí e contou com presença do Prefeito de Maceió e do próprio Arthur Lira no sambódromo.

Para mostrar que o clima entre Arthur Lira e Lula é de descontração, na quinta-feira (22), ambos estiveram juntos em um “happy hour” no Palácio da Alvorada (residência oficial do Presidente) que reuniu também lideranças partidárias e Ministros para discutir a relação entre Executivo e Legislativo.

O fato é que o “super pedido” de impeachment será usado por Lira para obter mais recursos do Governo Lula, enquanto a ala bolsonarista na Câmara usará o pedido para pressionar Lira e promover seus discursos nas redes sociais.

É o embate contemporâneo da política brasileira, entre a “Realpolitik” versus a política de “curtidas” e “engajamento” nas redes sociais. De um lado o “jogo dos adultos”, de outro, o “jogo do trigrinho”. A direita brasileira precisa “crescer” e entender os jogos de poder da política real, empregar energia e recursos apenas para impulsionar sua redes sociais não têm impacto concreto no dia-a-dia das pessoas e os deixa sempre fora das decisões importantes do país.

“APITO DE CACHORRO” DA DEFESA DE BOLSONARO

A Polícia Federal tomou ontem (22) os depoimentos dos alvos da Operação Tempus Veritatis, que envolveram o ex-Presidente Jair Bolsonaro, seus ex-Ministros e ex-assessores.

O ex-Presidente e militares envolvidos optaram por manter o silêncio durante o depoimento, enquanto alguns ex-assessores e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto, responderam às perguntas da PF.

A opção pelo silêncio é um direito legítimo daquele que é acusado e faz parte de uma estratégia de defesa dos advogados.

Apesar da proibição de comunicação entre os investigados a sincronia de estratégias entre as defesas do ex-Presidente e dos militares não acontece por um acaso.

Os advogados de Bolsonaro utilizaram a técnica conhecida como “apito de cachorro”, quando uma mensagem é enviada ao público, mas é direcionada a alguns  poucos que conseguem interpretá-la corretamente. Quando da intimação de Bolsonaro a depor na PF, seus advogados vieram a público e anteciparam que o ex-Presidente permaneceria calado, devido a sua defesa não ter tido acesso à totalidade dos documentos da investigação. A antecipação da estratégia de “ficar calado” que seria adotada por Bolsonaro, foi entendida pelas defesas de alguns dos demais envolvidos, que seguiram o mesmo caminho.

Apesar dos militares terem permanecido em silêncio, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, responderam às perguntas feitas pela PF. As informações prestadas por eles ainda não são conhecidas, mas as investigações devem continuar, tendo como base o material apreendido durante a Operação Tempus Veritatis e a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Os oposicionistas de Bolsonaro aproveitaram o episódio de silêncio do ex-presidente para atacá-lo nas redes sociais, fazendo uso de uma espécie de “amnésia seletiva”, que não reconhece que a mesma estratégia de ficar calado, foi utilizada pelo Presidente Lula em 2019, quando permaneceu em silêncio durante depoimento à PF.

No Brasil é comum os políticos que se vêem envoltos em alguma investigação, ficarem calados em depoimentos e adotarem a narrativa de perseguição política. Não é o primeiro e não será o último, isso é fato.

Por Jackson Dirceu Laurindo

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