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As mulheres têm que ser totalmente independentes

Não bastasse tanta função, ela é também a gestora do negócio pesqueiro. Responde pelo barco, administra financiamento, paga as contas

by da Redação

Em uma cidade ainda umbilicalmente ligada à pesca, Simone Inez é caso raro. Embora não se possa desprezar o papel das mulheres na retaguarda da atividade pesqueira, econômica e domesticamente falando, poucas são as que se denominam pescadoras artesanais. Simone assume para si essa função, mesmo que isso não signifique subir em um convés (a menos que precise): ela e o marido, Jair Mateus, 51 anos de idade, administram um negócio familiar de captura, beneficiamento e venda de pescados. E se há um patrão nessa pequena estrutura, quem manda é ela.

Simone, 46 anos de idade, é a segunda entrevistada da temporada 2025 da série Mulheres que Inspiram, iniciativa da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores a partir da Lei 2963/2021, que instituiu o projeto. Durante este mês de março, a cada sessão ordinária da Câmara será exibido um vídeo enfocando uma personagem feminina moradora do município: sua trajetória pessoal e profissional e percepções acerca do papel da mulher em nossa sociedade.

Filha de pescador, casada há 30 anos com Jair, dois filhos e dois netos, Simone herdou a tenacidade da mãe. Divorciada, Neuranete Maria Inez, 66, precisou trabalhar fora para garantir o sustento dos cinco filhos. Cabia à única filha cuidar da casa: “Com doze anos, eu ficava em casa fazendo comida para os meus irmãos. Eu mal alcançava o fogão e a pia, mas eu dava o meu jeito”, lembra.

Seguiram-se uma série de trabalhos para auxiliar nas despesas do lar: “Eu trabalhava em restaurante, lanchonete, faxina. Trabalhei muito de diária”. Em razão disso, precisou relegar ao segundo plano os estudos, que só veio a concluir depois de casada. Faz dez anos, já nessa condição, adquiriu com Jair uma embarcação pesqueira, que é a base da economia familiar. De uns anos para cá, porém, a renda tem sido insuficiente, o que levou Simone a assumir mais um papel: cuidadora de crianças da vizinhança, no contraturno da creche.

Não bastasse tanta função, ela é também a gestora do negócio pesqueiro. Responde pelo barco, administra financiamento, paga as contas. Uma rotina cansativa, ela admite, mas ajustada a alguém que valoriza a autonomia: “As mulheres têm de ser totalmente independentes”, defende.

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